Lifestyle | Dona Micas entrevista... Miriam Pina #9

As entrevistas no DONA\\MICAS estão de regresso e, não poderia reiniciar esta rubrica da melhor forma! 
Faz hoje precisamente uma semana que se festejou o dia da mãe, que se parabenizaram todas as mães pelos seres fenomenais que são e, por isso, na entrevista de hoje dou-vos a conhecer uma mãe muito especial, uma mulher surpreendente e empreendedora. Falo-vos de Miriam Pina, autora do blog Menina Mundo, que partiu com a família numa viagem de descoberta pelo mundo!

Nome: Miriam Pina
Idade: 36
Profissão:  Psicóloga clínica, formadora, blogger, criadora de conteúdos.


Apresenta-te, fala-nos um pouco à cerca de ti.
Sou mulher, mãe e apaixonada pela vida e família que construí. Acredito mais no valor das experiências vividas do que das coisas (materiais) que acumulamos. Sou feita de sonhos e da vontade de os pôr a rodopiar diante dos meus olhos.

Conhecemo-nos na faculdade, no curso de Psicologia. Que voltas é que a tua vida deu, para ouvirmos falar de ti agora ligada à “Menina Mundo”?
Julgo que deu as voltas que tinha de dar para eu chegar exactamente ao lugar e momento de hoje. Depois da licenciatura em Psicologia fiz mestrado em Criminologia – na Suíça -, regressei e trabalhei como docente na Faculdade de Direito da UP durante oito anos, durante este período casei-me e fui mãe. Depois despedi-me para esta aventura e nunca se tratou da busca da felicidade, já nos sentíamos muito felizes e realizados, mas entendemos que só temos uma vida e é nesta que temos de tratar dos nossos sonhos, se não o fizermos ninguém o fará por nós e um dos nosso grandes sonhos era viajar pelo mundo, em família. E fomos.


Por que surgiu  a ideia de deixares tudo para trás e partires com a tua família à descoberta do mundo?
Colocamos a questão de outra forma, por que não? A vontade de conhecer o mundo vive em nós há mais tempo do que as profissões que desempenhamos e foi exacerbada pelo nascimento na nossa filha. Acreditamos que os sonhos devem ser vividos, que devemos lutar por eles, dar a volta aos medos e fazer o que estiver ao nosso alcance para os concretizar. 

A viagem já terminou? Quanto tempo durou e quais os países que foram brindados com a vossa visita? 
A viagem pela Ásia durou 6 meses e o nosso itinerário passou por Paris, várias cidades na China, o Vietname (de norte a sul), várias cidades no Cambodja, mais de um mês na Tailândia, Malásia (incluindo o Bornéu) e Índia. Sem esquecer duas travessias do Mekong. Depois destes 6 meses tivemos outros seis meses pela Europa, ou seja, o regresso a casa foi exactamente um ano depois.





















Quais as maiores dificuldades que enfrentaram?
Ir, viver em viagem, é um enorme desafio, é lidar, no quotidiano, com o imprevisto, na ausência dos lugares seguros e zonas de conforto de que tão fácil nos socorremos quando estamos em casa. Por isso, quase tudo poderia ter sido visto como uma dificuldade: chegar a um novo país, enfrentar uma língua nova, atentar às tradições culturais para não ofendermos ninguém, as birras naturais (e saudáveis) de uma criança de 2 anos, o cansaço acumulado, as malas de um lado para o outro. Mas nunca quisemos usar essa lente, optámos sempre por aceitar cada imprevisto e, na maior parte dos casos, quando as coisas não correram como havíamos planeado, acabamos por ser surpreendidos. Acredito, hoje ainda mais, que há sempre mais do que esperamos onde nada esperamos.  Nem tudo foi fácil, mas estávamos ali, totalmente disponíveis uns para os outros, a viver aquilo tudo em família e isto é uma benção e um privilégio desmedido e nós tínhamos plena consciência disso.

Se conseguires definir uma, qual a experiência mais enriquecedora que trouxeram na bagagem?
Toda a aventura, na verdade o melhor da viagem foi mesmo a viagem, o termos tido a coragem de o fazer, de soltar as amarras e ir. Sabendo a mensagem que isto passa à Mia, a de que devemos ir pelos caminhos que nos fazem mais felizes, mais completos, mais verdadeiros e não pelos caminhos formatados que a sociedade disponibiliza, fazendo-nos acreditar que são o melhor que podemos desejar. Por isso, digo muitas vezes que esta viagem é o nosso melhor retrato de família, diz mais de nós do que qualquer outra coisa (material) dirá. Hoje temos menos coisas, mas temo-nos e somos mais (a começar por dentro). 


Como achas que esta viagem modificou ou ficou marcada na vossa vida, especialmente na vida da Mia?
Julgo que nos lembrou, no dia a dia, que precisamos de muito pouca coisa para viver, para sermos felizes. Que os nossos dias e as nossas casas estão cheios de coisas que achamos essenciais, das quais julgamos não poder abdicar sem vivermos um enorme sentimento de falta ou perda.
Com esta viagem sentimos exactamente o oposto, partimos com 20 Kg de coisas, tomamos banho de água fria, lavamos roupa à mão e não sentimos que nos faltasse nada. 

Quanto à Mia, há dois momentos que falam por si (para além da questão da adaptação, do contacto com culturas, religiões, formas de viver tão diferentes que julgo são transversais a todas as crianças que viagem).
a) A sua definição de casa
O que é uma casa, Mia?
A Mia, o papá, a mamã – respondeu-nos ela, já durante a viagem. Julgo que isto diz tudo. 
Aos dois anos ela sabe que o que faz de nós família não é vivermos sob o mesmo tecto e as mesmas paredes todos os dias, é o que nos mora dentro do peito, independentemente do lugar no mundo, estarmos juntos é sermos casa, lar, família. E ele sente-o ao ponto de o expressar.
b) Se há algo que queremos que ela retenha desta experiência é isto: que a diferença nos traços do rosto, na forma como nos vestimos, como oramos, como falamos, como comemos e no que comemos não nos torna melhores ou piores, mais ou menos, grandes ou pequenos. E é assim que ela já vê a diferença: sem a ver! São todos pessoas, meninos e meninas, como a Mia. É sempre mais e maior o que nos une a qualquer outro ser humano do que o que nos separa dele. O corpo, esse que evidencia as diferenças físicas, será sempre mais do que isso: é lugar onde bate um coração e sei que ela viverá e crescerá com isto tudo enraizado nela.


Quais os planos para o futuro?
Julgo que o nosso futuro estará inevitavelmente ligado a esta vontade de mundo. Ainda temos muitos países por descobrir, talvez em aventuras de uma duração mais curta de modo a podermos conciliá-las com os nossos projectos profissionais, que não passam apenas pelas viagens. 

Agora, como é o teu dia a dia? E em que é que esta experiência mudou a tua vida?
Regressei à clínica e ao ensino. Contudo, as viagens continuam presentes, de várias formas: através de experiências para as quais nos convidam (enquanto bloggers Menina Mundo); através da escrita para o blog como para plataformas de viagens como o Sapo Viagens e a isto acrescentam-se os vários convites para palestrar e partilhar a nossa experiência enquanto família viajante. A grande mudança foi mesma a de me provar que estava certa, de que os sonhos são para serem realizados, mesmo com medos, e que muitas vezes nos abrem portas que de outros modo nunca saberíamos sequer existirem.

O que mais gostas de fazer nos teus tempos livres?
Escapar da rotina, viajar, escrever, fazer actividades ao ar livre, explorar a natureza, conhecer um lugar novo, experimentar coisas novas. Juntarmos os nossos amigos e os filhos e usufruirmos da companhia uns dos outros. E, há cerca de meio ano, descobri o crossfit e estou a apaixonar-me. 

Gostas de moda? Como definirias o teu estilo?
Gosto, mas não me sinto presa a seguir tendências, gosto da liberdade de conjugar o descontraído e romântico, o vintage e o chique. Gosto sobretudo de ser capaz de me adaptar às diferentes situações do dia-a-dia. Confesso que a viagem me tornou mais prática e desportiva, sobretudo no que toca ao calçado e acredito que mais do que o que trazemos vestido, o estarmos confiantes e de bem com a vida veste-nos sempre bem. 

Quais as peças que não dispensas? Que cores preferes usar?
Vestidos soltos e compridos, além do conforto e leveza resultam sempre bem nas fotos. Gosto muito do branco, dos tons pastel mas também gosto de cores arrojadas como o vermelho.


És uma make up addicted ou adepta da cara lavada?
Julgo que consigo um equilíbrio entre os dois, confesso que passo a maior parte da minha semana de cara lavada, mas gosto de me maquilhar e de realçar o melhor de mim com uma bela maquilhagem para momentos especiais. 

Um dia perfeito seria…
Qualquer dia em que eu experimente fazer algo pela primeira vez, em que me desafie e, no outro lado da balança, todos os momentos em que nos deixamos demorar em coisas simples, como passar o dia inteiro de pijama a dar e receber mimos aos/dos que mais amo.


Beijo*
DONA\\MICAS

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